sábado, 20 de abril de 2024

M22

 

 

Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol

imaculado como uma flor ainda sem nome,

há dias em que as palavras são audíveis rasgos de esperança,

outros, os opioides engolem-te para dentro de órbitas vagas.

 

às 17:45 apanho o autocarro M22 que desembarca no hospital,

são 40 minutos em que observo o movimento de outras vidas,

de outras estradas, das casas que vão desaparecendo em contagem decrescente,

depois de o caminho estar feito, falta-nos dias em que reinámos mundo.


com carinho confesso-me o mais incompleto dos impacientes.

segue-se a surdina do beijo e o creme floral nas pétalas das tuas mãos;

saiu do quarto com a cabeça nos sapatos e espero pelo regresso da volta,

Ninguém sabe quando passa o próximo...





sábado, 6 de abril de 2024

papoila de corda


as papoilas vivem o tempo suficiente para secar uma lágrima interior.

a luz primaveril enxagua as cores que nos faltam nestas planícies diárias. 

não sei dos meus óculos. creio que tenham vontade própria quando refugiam-se dentro de imagens que nunca vou ler.

M22

    Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol imaculado como uma flor ainda sem nome, há dias em que as palavras são audíveis rasgo...